quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ante a Paisagem





Eu fujo da Paisagem. Tenho medo.
Os pinheirais são em marfim bordados.
Sou paisagem-cetim num olhar quedo,
Oiro louco sonhando cortinados.

Fujo de mim porque já sou Paisagem.
Procura-me Satã no meu chorar...
Seus passos, o ruído da folhagem.
Cimos de lírios velhos de luar.

As tuas mãos fechadas e desertas,
Janelas pra o jardim, jamais abertas,
Fiam de mármore um correr de rios...

E os teus olhos cansados de saudades.
Eunucos possuindo divindades...
Hora-luar a de teus olhos frios...

Alfredo Guisado, in 'Elogio da Paisagem'


Aluna Maria nº 26 2º A

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